5 de junho de 2009

Pessoas absurdamente incríveis

Sempre digo que conhecer pessoas é a maneira mais incrível de ser surpreender. Essa minha teoria sempre, ou quase sempre, se faz valer. Já conheci gente de todos os tipos, desde o mais culto, até o mais ignorante possível. Aliás, as diferenças são sempre bem-vindas. Pois bem, esta semana conheci um grupo de mães que dificilmente vou esquecer.

Essas mulheres, todas maiores de idade e vacinadas, estavam preocupadíssimas com as marcas de mordidas que os filhos, todos de 4 anos, estavam chegando da escola. Alguns nem foram mordidos, apenas levaram uma puxada de cabelo. Mas mãe é mãe. Defende a cria com unhas e dentes. Por isso, elas resolveram pedir à direção da escola a retirada do menino, ou do "monstro", que estaria agredindo seus filhos. Caso contrário, tirariam as "vítimas" da escola.

No entanto, o pequeno garoto, também de 4 anos, é deficiente mental e está na escola dita para "normais", por meio do programa de inclusão social de portadores de deficiência. Mas para aquelas mães, super cuidadosas e responsáveis, isso é um absurdo. Com esse pensamento firme e, como não receberam apoio da escola para o pedido de retirada do "monstro" , elas se reuniram e fizeram um abaixo-assinado. Não contentes, procuraram vários órgãos para conseguir apoio. Em vão.

Alegando que crianças "normais" não podem se relacionar com "anormais", elas fizeram o barraco. Disseram absurdos que até tenho medo de repetir. Entrei na escola, e o que vi foram várias crianças "normais" batendo umas nas outras, como sempre acontece nessa idade. E o "monstro" não me bateu, em vez de mordidas, ele me recebeu com abraços e beijos.

Na hora, voltei à minha infância. Quando pequena, brincava com uma menina, um pouco mais velha do que eu, que tinha Síndrome de Down. Éramos vizinhas e amigas. Como não sabia da deficiência dela, achava que ela era estrangeira. Conversando com a minha mãe sobre isso, ela me disse que deixou que eu descobrisse sozinha que a minha vizinha era deficiente mental. E foi sozinha que descobri. Aliás, nem lembro como descobri. O fato é que, para mim, isso nunca fez diferença. Hoje, digo com todas as letras, que essa aproximação ajudou no desenvolvimento desta minha amiga especial e, muito mais do que isso, me tornou uma adulta melhor.

Um comentário:

  1. Amei o seu blog, o que você escreve é ótimo de ler. Vc tem o dom de nos fazer ficar presos ao texto. Isso é muito bom. Abraços, gata. Pedro.

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